Vocês já devem ter ouvido falar da nova geração de diesel, o Diesel S-50. É um diesel que polui menos, porque é feito com menor teor de enxofre. Pra ser mais exata, ele tem 10% menos enxofre do que o Diesel S-500 (vendido nas cidades metropolitanas) e 36% menos do que o S-1.800 (vendido em cidades do interior). Além de menos poluente, o Diesel S-50 ainda trás benefícios ao veículo, como melhor partida a frio, diminuição da formação de depósitos no motor e redução na incidência de contaminantes no lubrificante.

O Diesel S-50 deveria ter sido distribuído para todo o mercado brasileiro em 2009, mas apenas consumidores de Recife, Belém e Fortaleza tinham acesso a ele. O atraso na entrega levou o governo de São Paulo e o Ministério Público Federal a entrarem com uma ação na Justiça contra a Agência Nacional do Petróleo, a Petrobras e as montadoras. Um acordo foi fechado e desde 1º de janeiro deste ano, em todo o Brasil, 4,2 mil postos são obrigados a vender o combustível. Esse número de postos ainda é bastante baixo. Em São Paulo, por exemplo, o numero de postos que disponibilizam o S-50 é de apenas 4%. Como todos os automóveis utilizam outros combustíveis, corremos o risco de pensar que o diesel é um combustível não muito utilizado. No entanto, 100% dos ônibus e caminhões no Brasil são movidos a diesel. Além de vários outros veículos como certas caminhonetes e utilitários.

O Diesel S-50 pode ser usado em qualquer veículo movido a diesel, mas foi feito especialmente para motores que cumpram as exigências da Proconve P7 (ou tecnologia Euro 5). A Proconve P7 é a versão mais recente do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores), que tem como principal objetivo reduzir o nível de emissão de gases poluentes na atmosfera. O Proconve é regulamentado pelo CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) desde sua criação, em 1986. O apelido ”Euro 5”, surgiu de uma alusão à legislação europeia que já cumpre este papel regulamentador, ou seja, já aplicam essas regras a mais tempo. O Proconve estabelece um cronograma para a redução progressiva da emissão dos gases para atingir as metas de diminuição em cerca de 60% das emissões de óxidos de nitrogênio (NOx) e em até 80% as emissões de partículas promovidas pelos atuais modelos com a tecnologia Euro 3.

Os motores que atendem às exigências do Euro 5 são de dois tipos: Os que funcionam com a tecnologia EGR e os com a SCR. Ambos são sistemas de tratamento para os gases antes que sejam expelidos pelo escapamento. O SCR (Seletive Catalitic Reduction / Redução Catalítica Seletiva) é usado em veículos maiores, que percorrem longas distâncias. Esse sistema precisa do componente ARLA 32 (feito a base de ureia) para funcionar. O EGR (Exhaust Gases Recirculation / Recirculação de Gases de Exaustão) é aplicado a veículos menores, de utilização principalmente urbana. Os veículos com esses motores começaram a ser fabricados no Brasil este ano.

Para quem curte saber como é o funcionamento do maquinário, aí vão dois vídeos bem explicativos! hehe

SCR

EGR

Nos veículos com estes motores, que só podem rodar com o novo diesel, a redução é de pelo menos 80% na emissão de partículas, o que coresponde a quase metade da poluição das grandes cidades. Nos motores antigos, a redução é menor: 10%.

Todo veículo a diesel fabricado no Brasil a partir de 2012 tem que ter a nova tecnologia. O problema é que tanto esses novos veículos quanto o Diesel S-50 são mais caros. Os veículos são até 12% mais caros, e por isso estão encalhados nas lojas.

No dia 17 de Abril deste ano, o Jornal Nacional exibiu uma reportagem revelando que uma transportadora, para não pagar mais pelos veículos,  antecipou em 2011 a compra de 270 caminhões com a tecnologia antiga.

O novo diesel custa de 7% a 10% mais do que o diesel convencional, o que infelizmente faz com que a grande maioria dos consumidores não optem por ele. Como tudo é uma cadeia, isso inibe o lucro dos postos, trava a distribuição e consequentemente atravanca a adoção do novo produto, que traz tantos benefícios.

Se passar a ser largamente utilizado, o S-50 permitirá uma melhoria da qualidade do ar e consequentemente da saúde das pessoas e das cidades, evitando gastos com a saúde pública e a manutenção de veículos.

“A emissão de diesel está muito associada à morte por infarto do miocárdio, por pneumonia e por câncer de pulmão. […] Essa foi a razão principal para que vários países fizessem essa opção por um diesel mais limpo, porque eles descobriram que gastavam muito mais dinheiro mantendo a situação como está do que investindo no sentido de promover uma qualidade do ar melhor” – Professor Paulo Saldiva, da Faculdade de Medicina da USP em reportagem ao JN.

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