Olá caros conterrâneos de Blumenau e região! Vocês sabiam que o nosso “lixo” vai para Brusque? Pois é, como nós vimos no post sobre a Reciblu (clique aqui), a parcela de resíduos que não é separada pela população como reciclável é descartada no aterro sanitário de Brusque.

Durante o período de 1973 a 2003, os resíduos domiciliares de Blumenau eram depositados em um aterro controlado.  Em 2003 o aterro foi desativado e os resíduos passaram a ser encaminhados ao aterro sanitário de Brusque. Hoje, é feita apenas a manutenção dos poluentes advindos do antigo aterro controlado, mas sua contaminação ainda afeta a atmosfera e os lençóis freáticos.

O aterro de Brusque é gerenciado por uma empresa chamada Recicle (http://www.reciclesc.com.br), de propriedade particular. O aterro recebe cerca de 550 toneladas por dia de resíduos advindos de 22 municípios próximos. Blumenau é o maior deles. Com cada município o aterro firmou um contrato específico, nos quais podem constar todos ou apenas alguns dos serviços oferecidos pelo aterro, como coleta, transporte, destinação final etc. 

Ao chegarem no aterro, os resíduos são pesados, pois o valor do contrato é cobrado pelo peso. Uma pequena parte desse resíduo, que chega bruto, é encaminhado para uma segregação de itens recicláveis terceirizada, localizada também no aterro. O restante dos resíduos é compactado e depositado nas células do aterro sanitário. As células não apresentam um tamanho padrão, podendo variar de 4 a 40 metros.

Os produtos resultantes do processo de aterramento dos resíduos são gás metano e chorume. Para evitar a contaminação da atmosfera pelo metano, é colocado fogo na saída dos gasodutos, transformando o metano em gás carbônico, que é 21 vezes menos prejudicial ao planeta do que o metano. No tratamento do chorume são utilizadas duas lagoas, uma anaeróbia, onde o chorume é mantido sem agitação para que as bactérias anaeróbias (que não precisam de oxigênio) degradem a matéria orgânica, e outra aerada, para que a degradação ocorra também pelas bactérias dependentes de oxigênio.

A Recicle faz ainda a sanitização dos resíduos de saúde que chegam de hospitais e ambulatórios. Este procedimento é feito através de uma autoclave a 150^oC, onde os resíduos permanecem por 25 mim, são retirados e destinados para serem prensados com os demais rejeitos.

Os tratamentos dados aos resíduos sólidos urbanos na região de Blumenau ainda tem muito o que melhorar. Apesar da conquista da substituição do encaminhamento dos resíduos a um aterro controlado por uma destinação a um aterro sanitário representar um passo rumo a melhoria da gestão de resíduos, a parcela de resíduos aproveitados pela reciclagem ainda é muito baixa. Além do mais, outros tratamentos mais eficientes como a incineração e a geração de energia ainda não são utilizados.

Os aterros, mesmo sendo uma alternativa de destinação de resíduos muito melhor que os lixões, ainda são responsáveis por vários problemas. Os danos ambientais estão ligados à poluição atmosférica, devido aos gases gerados e a contaminação do lençol freático e cursos d`agua por líquidos lixiviados como chorume e substâncias tóxicas contidas nos resíduos. O excesso de matéria orgânica presente no “lixo” constitui-se em um habitat ideal para proliferação de vetores como ratos, baratas, moscas e mosquitos, que são transmissores de bactérias e fungos de características patogênicas. Dentre as doenças mais comuns associadas à falta de tratamento adequado dos resíduos estão a febre tifóide e paratifóide, salmonelose, giardíase, ascaridíase, cólera, dengue, leptospirose e uma série de doenças intestinais. Ainda como problemas sociais, podem ser citados o mau cheiro que advém dos aterros e lixões e a demanda de espaço físico adequado para sua disposição. É necessário destacar ainda os prejuízos econômicos do manejo inadequado dos resíduos, como os elevados custos com a saúde pública, referente principalmente à população carente. Há também que considerar os custos requeridos para a desativação de lixões e demais áreas de despejos clandestinos de resíduos sólidos urbanos. Podendo-se considerar ainda o problema bastante comum da desvalorização das terras próximas às áreas dos lixões, assim como a consequente redução de investimentos imobiliários.

Apesar da necessidade dos tratamentos de resíduos sólidos urbanos serem melhorados, é preciso ter sempre em mente que a única solução inteiramente eficaz é a não geração e a diminuição da geração dos resíduos. Para isso, é preciso que nós concentremos esforços na economia de materiais, no estímulo ao ecodesign, na elaboração de alternativas de refil ao invés da compra do produto inteiro e na redução do atual modelo de vida altamente consumista da sociedade.