A questão da sustentabilidade cada vez mais deixa de ser um discurso idealizador e se torna algo efetivamente aplicado. Até no mundo da moda ela já recebe destaque. O maior e mais importante evento de moda da América Latina, o São Paulo Fashion Week – SPFW, que aconteceu este ano entre os dias 11 a 16 de junho, apresentando as coleções de verão para 2013, teve como tema de inspiração um conteúdo social com foco na sustentabilidade. O tema foi sugerido ao idealizador e diretor criativo do SPFW Paulo Borges pelo designer Marcelo Rosenbaum, que montou nos pavilhões e corredores do evento uma exposição de fotos, vídeos e obras baseadas em seu projeto intitulado “A Gente Transforma”, desenvolvido em Várzea Queimada, no Piauí, um trabalho que mistura técnicas modernas à história local. São trabalhadores rurais fotografados em seu cotidiano de muito esforço.
Rosenbaum utilizou objetos que são geralmente descartados para montar artigos de design. As paredes, moldadas com formas e texturas muito interessantes e criativas, de longe pareciam de concreto, mas eram, na verdade, feitas de papelão.
A top model Carol Trentini, que estrelou a campanha de Rosembaum, gostou da ideia e abraçou a causa. “Essas peças envolvem pessoas e são ricas de cultura. Fiquei muito feliz em participar”, disse ela.
A sustentabilidade na moda foi também debatida em uma mesa redonda mediada por Paulo Borges e composta por nomes importantes no setor, como o Ministro Corrado Clini, do Ministério do Meio Ambiente da Itália, Oskar Metsavahtdiretor, diretor criativo da Osklen, Mario Garnero, presidente do Fórum das Américas e Rafael Cervone, diretor do Programa TexBrasil, da Abit.
A tendência sustentável recebeu ainda atenção especial do estilista Jefferson Kulig, que elaborou sua coleção para o verão 2013 aliando tecnologia e sustentabilidade, onde todo o processo químico de fabricação do tecido, como a etapa de curtume, foi substituída por processos enzimáticos, os quais geram resíduos que são bem menos impactantes ao meio ambiente ao serem descartados do que os químicos, havendo ainda economia de água e energia.
Mas essa não foi a primeira vez que a moda sustentável esteve presente no SPFW. Em 2007, o evento contou com roupas feitas de materiais menos agressivos ao meio ambiente, como o couro vegetal, garrafa pet, algodão e lã orgânicos, entre outros. A iniciativa teve repercussão internacional e acabou sendo apresentada também em outros lugares do mundo, como na capital francesa.
A moda, que é uma das principais inimigas do meio ambiente por incentivar o consumismo e o materialismo, está abrindo as portas para meios mais conscientes e humanizados. O SPFW mostrou que não se preocupa apenas com as tendências, mas também com qualidade de vida, tentando conscientizar fabricantes e o público de que é possível fazer moda com consciência social e econômica, incentivando a humanização do processo criativo. Iniciativas como essas no mundo da moda ainda são minoria, mas já é um começo!




